A cada dia eu presencio cenas feias entre mamães se digladiando em defesa de seus ideais no que diz respeito à criação de filhos. Faço parte de grupos de mães na internet e basta uma pobre coitada lançar uma pergunta sobre amamentação por exemplo, para que chovam comentários sobre as "suas verdades" à respeito do tema, muitas vezes despicando àquelas que não conseguiram amamentar.. Por vezes uma mãe lança um post sobre cesárea e lá vem de novo aquele bando de mulheres levantando a bandeira do parto normal e criticando as que embarcaram no "parto do bisturi" como li estes dias. E independente do tema, do quão superficial possa ser, tudo acaba tomando um rumo de disputa. Mamadeira ? A minha é a melhor porque comprei em tal lugar, lava-se de tal forma, foi indicada pelo médico não sei das quantas.. Pediatra ? O meu pediatra é o mais graduado, gabaritado, aclamado e famoso da cidade.. Fotógrafo para newborn ? O meu fotografo tem o trabalho mais bonito, é o mais concorrido e melhor da região.. Isso quando não se fala em escola.. Ich, aí a coisa pega.
Enfim, são tantas guerrinhas, tanta falta de respeito. O ser humano tem sim a tendência narcisa de achar que ele e tudo o que vem dele é o melhor, mas parece que quando o tema é maternidade esta caraterística fica ainda mais acentuada.
Eu tendo um menino de seis anos e uma bebê de um ano, ficou ouvindo as comparações que mães das duas faixas etárias me apresentam quase que diariamente.. "Ele lê ?" , "Ele já trocou os dentes ?" , "O meu já anda de bicicleta sem rodinhas desde o quatro anos", "_ E ela já anda ? O meu filho andou com dez meses." .. "_Ainda não soltou a língua ? a minha caçula fala tudo com um ano e meio" ..
Isso quando não se ouve proezas, frases prontas e grandes feitos, que segundo a mãe foram feitos pela criança e que são em alguns casos, até difíceis de acreditar.
Aí eu fico pensando.. Se cada criança tem uma mãe, se cada mãe tem um único pai biológico para aquela criança e consequentemente eles estão inseridos no círculo de uma família, porque as pessoas insistem em tentar tornar coletivo os hábitos e comportamentos que são peculiares ao seu meio ?
As falas são repetitivas e cansativas. São dicas que as pessoas insistem em dar mesmo que ninguém tenha lhes solicitado, mas unicamente pelo prazer narciso de tornar a sua ideologia em verdade e numa sede psicótica de popularidade, tentam empurrar goela abaixo nas pessoas, aquilo que acreditam para si.
É a geração de mães paranoicas e seus "inocentes filhos biônicos". Pobres crianças que mesmo sem saber, são a arma de uma guerra fria entre mulheres ensandecidas por serem alguém através da sua projeção no filho.
Acredito que isso seja também um reflexo da globalização e da internet com esta coisa de que é necessário "viver para os outros". Ninguém mais se contenta em ser feliz, a felicidade agora consiste em mostrar pro outro o quanto se é feliz. As pessoas não se dão por satisfeitas de ter filhos perfeitos, saudáveis e inteligentes, é como se estas características só se realizassem no filho à partir do momento em que elas se tornam públicas. É preciso que o outro saiba que o meu filho é inteligente, bonito e feliz para que de fato ele possa viver como tal.
Eu torço, de verdade, para que uma hora exista o corte disso tudo. Para que as pessoas voltem um único passinho e retomem aquela "simplicidade do ser" que existiu alguns anos atrás. Todos teremos a ganhar com isso, até porque, o que nos é mais caro deve ser muito bem guardado e esta super exposição e competição incessante, que fique para o plano dos adultos sem envolver as nossas crianças. Com isso, gastaremos menos tempo com competição e sobrará mais tempo para o amor.. por favor !
A batalha entre as mães de "filhos biônicos"!
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